Viviane nasceu no
interior de São Paulo, na cidade de Santa Gertrudes. Ela conheceu o marido lá,
quando ele foi tirar a carteira de motorista. Trabalharam por dois anos na
cidade, ela como auxiliar de padaria e ele em uma cerâmica. Após um tempo
perceberam que o que ganhavam lá era menos do que poderiam ganhar na roça e a
qualidade de vida deixava muito a desejar. Como o marido já tinha um pedaço de
terra resolveram voltar para Santana do Manhuaçu.
Já fazem mais de 12
anos que retornaram. Na época, começaram trabalhando com o café e depois com a
criação de vacas para produção de leite. O casal divide o trabalho, o marido
ajuda na horta e ela ajuda na lavoura também. A secagem do café fica por conta
dela, bem como a organização da casa e da alimentação da família. Viviane
também está começando a trabalhar com o artesanato e atualmente está aprendendo
pintura em pano de prato.
Na propriedade é
possível encontrar grande variedade de frutas como laranja, limão, pocã,
banana, mexerica, acerola dentre outras. A horta é bem diversificada mas só para as
despesas da família.
Viviane destaca a saúde
da família, que considera muito boa. Eles são adeptos da homeopatia, inclusive
nos animais, que não dão nem berne nem carrapatos há muito tempo. Ela tem
algumas plantas medicinais, mas preferem consultar com as pessoas que trabalham
com a medicina alternativa, já que respeitam muito o conhecimento popular
dessas pessoas.
Foi a primeira vez que ela
participou do Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA), realizado
pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata, e a partir deste
momento ela começou a se envolver com as outras mulheres da comunidade, que já
montaram um grupo e já estão se reunindo com a proposta de tralharem com
panificação. “O encontro foi muito
importante para despertar algumas coisas, como a alimentação mais saudável,
além da questão da diversidade. Quero continuar a participar, a troca de
informação e conhecimentos tem sido muito boa para mim e para a minha família”.
A dificuldade em se
trabalhar com a agroecologia, na visão de Viviane, é a falta de alternativas e
de assistência técnica, além dos oportunistas que sempre aparecem vendendo os
insumos e agrotóxicos. “A agroecologia é
muito importante nos dias de hoje, todo mundo quer as coisas rápido, mas não é
o bom. Aqui já vamos lutando contra o veneno há algum tempo”.
Na propriedade tem uma
pequena mata que fazem questão de preservar, já que também tem uma nascente
dentro dela, que cercaram para garantir a preservação da mesma.
“Eu
vejo mais pelo lado da saúde, a diversidade alimenta a família, e o veneno
também, a gente tem que explicar que faz mal. A educação também é importante,
temos que ensinar os filhos a comer, desde pequenininho, mas tem que ser com
exemplo, eles tem que por a mão na terra também”.
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