Rosilei das Graças de Freitas Antunes - Santana do Manhuaçu, Minas Gerais

Rosilei sempre morou mora na roça com os pais que eram agricultores. Após se casar, aos 26 anos, ela foi morar na cidade de Contagem, lugar onde permaneceu por quatro anos, quando o pai de seu marido doou-lhes um terreno na zona rural e a família decidiu aministrar a propriedade. Já faz cinco anos que eles residem no terreno. No início, quando chegaram, ela e o marido resolveram trabalhar com o café, e a partir de então, tomaram a iniciativa de plantar 10 mil pés. Porém, a produção morreu no ano seguinte, por excesso de sol e falta de experiência neste tipo de cultivo por parte do marido. Frustrada, Rosilei e o marido resolveram trabalhar com leite, e compraram seis vacas. Após um ano, as novilhas começaram a produzir e eles passaram a fornecer leite para os laticínios da região, por intermédio de uma associação das famílias de agricultores de Lanço Grande.
Além da criação animal, ela ainda tem em sua propriedade plantação de milho, cana, feijão e muitas frutas, como laranja, jambo, pêssego, banana, goiaba, maracujá, jaca, jabuticaba, graviola, ameixa e abacate. Na horta de Rosilei também existe grande diversidade, pois ela cultiva alimentos como couve, alface, salsa, cebolinha, cenoura, cebola, alho, almeirão, entre outros. Na propriedade da agricultora, também existe um tanque de peixes e ela ainda pretende trabalhar com galinhas e porcos.
Tanto Rosilei quanto o marido confessam a paixão pela roça, e preconizam a qualidade de vida, mas admitem a dificuldade de ganhar o sustento. Por outro lado, ela destaca as vantagens do contato direto com a terra, principalmente no que se refere ao filho do casal, pois sempre quiseram ‘’criá-lo com os pés na terra, ensinando a ele as coisas deste mundo rural’’.
Rosilei diz que praticamente não vai ao médico e afirma também não ter gastos com medicamentos. Quando ela precisa, faz chás que encontra em seu canteiro, com plantas medicinais. Quanto ao uso de agrotóxicos, ela se diz de muita sorte, uma vez que sua comunidade ‘’não tem o hábito de utilizar esses venenos.’’
A agricultora conheceu a Comissão de Mulheres há pouco tempo, aproximadamente um ano e isso fez com que ela se aproximasse do STR do município, e consequentemente do CTA-ZM e do Projeto Mulheres e Agroecologia em Rede, conhecendo assim os conceitos agroecológicos.
A partir dessa participação, ela se deu conta de que já praticava a agroecologia mesmo sem saber, e que agora que detem esse conhecimento vai se empenhar ainda mais em seguir os seus princípios. Rosilei ressalta que as informações adquiridas nos Programas de Formação em Feminismo e Agroecologia têm sido muito válidas e ela está entusiasmada em continuar com os encontros. Depois deles, ela passou a compreender melhor o seu valor, os seus direitos e o seu papel na família e na produção familiar.
Rosilei tem cada vez mais apostado na diversidade, explorando o quintal, o pomar, as criações e lavouras. Segundo a agricultora, na divisão do trabalho com o marido, ela fica encarregada da organização da casa, da alimentação e horta, enquanto o marido cuida dos trabalhos pesados.
Ainda de acordo com Rosilei, um grupo de mulheres está formando uma comissão para se reunirem e pensarem propostas de trabalho coletivo, e cogitam até formar uma associação. Ela se diz “anti-round-up’’.
A dificuldade em ser agroecológica se dá na comercialização e na falta de assistência técnica. No caso específico de Rosilei e de seu marido, ela diz que eles aprenderam muitas lições na prática, sem instrução, o que pode trazer inúmeros prejuízos para a produção.

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