Maria das Graças Neto
nasceu e cresceu na zona rural de Santana de Manhuaçu. Aos 20 anos se casou com Joaquim, que tinha
recebido um terreno de herança. Neste terreno começaram a vida, trabalhando na
terra. Já se passaram 35 anos desde a mudança. No inicio eram apenas 2.500
pés de café e cinco cabeças de gado. Com o passar dos anos a produção aumentou
e eles chegaram a ter 15000 pés de café.
Na propriedade já
plantaram de tudo: milho, feijão, mandioca e arroz. Maria, além de ajudar na
lavoura, também cuida do pomar diversificado, muito diversificado, com mexerica,
laranja, limão, jambo e outras. Ela também tem horta, que na maior parte do
tempo cuida sozinha. Quando ela sai o marido é quem cuida. Eles já não
trabalham mais com o café, mas na época em que o produziam, o trabalho ficava
todo só com os dois, que trabalhavam até tarde da noite. “Eu sempre defendo a agroecologia, e sempre falo, mas o povo é
resistente, já está acostumado com o jeito e já deu até briga. Mas eu não
desisto. Vou mostrar na prática, pelo exemplo, pela minha qualidade de vida”.
Sindicalizada há 18
anos, conheceu o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e
o Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA) através do Sindicato. Na época
ela diz que participava só para “tampar buraco”, pois o Sindicato de Trabalhadores
Rurais exigia que 30% de seu corpo fosse formado por mulheres. Com o passar do
tempo, mais mulheres integraram o Sindicato. Elas se organizaram e o grupo de
mulheres foi formado.
Pelo STR ela se aproximou
da “Rede”, do Movimento de Mulheres, da Marcha Mundial das Mulheres e do Graal.
“A gente vivia a agroecologia sem saber,
estamos aqui há 35 anos e nunca jogamos round-up e sempre prezamos pela
diversificação da produção.”.
Eles também trabalham
com sementes crioulas, o milho que eles usam está na comunidade há mais de 30
anos: “Damos muito valor a isso”. Na
propriedade ainda tem mata nativa, um
pequeno pedaço, mas que reservam com muito carinho.
A família de Mariinha,
como é conhecida na região, também segue a medicina alternativa, se tratando
com aquilo que a terra dá: “Nós nos
tratamos mais com plantas medicinais, a
saúda da família é muito boa e sempre cuidamos de nossos filhos com chás e
xaropes naturais, adoçados com mel. Sempre usamos as plantas, a homeopatia”.
Atualmente quase tudo o
que produzimos é para a nossa própria despesa, e além da horta, da lavoura, a
agricultora também faz artesanatos: pano de prato, crochê e pintura.
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