Dona Ceninha, como é
chamada pela família e amigos, morou na roça a vida toda. Depois de se casar, foi com o marido para
Rondônia, tentar a vida por lá. Após sete anos de muita luta, resolveram voltar
a Minas Gerais. Na decisão, pesou a saudade de casa e da família, que dona
Ceninha sentia todos os dias.
Fazem apenas seis anos
que residem na atual propriedade. Quando compraram o terreno era apenas pasto,
não tinha nada plantado. Logo começaram a trabalhar com o café. Plantaram 18
mil pés de café que sustentam toda a família. Além do café também tem lavoura
de milho, mandioca, feijão e banana. Ela cria galinhas e vacas e entrega o
leite em uma cooperativa.
A primeira vez que
participou de um programa de formação, recebeu o convite através de um grupo de
mulheres que estavam se movimentando para a instalação de uma panificação.
Desde então continuou no Movimento e diz que tem gostado muito, quando as
mulheres se organizam fica mais fácil pensar em alternativas de renda.
Dona Ceninha trabalha
com biscoitos, pães, brevidades, bolos, broas, doces de frutas, queijos etc.
Tem vontade de trabalhar com artesanato, mas reclama do tempo curto. As tarefas
do meio rural são muitas.
A horta da casa fica
por conta dela, onde é possível encontrar grande variedade de espécies. O pomar
dela também é rico, com laranja, goiaba, banana, jabuticaba, etc. A plantação
de mandioca também é responsabilidade de Dona Ceninha, que planta, cuida e
colhe, especialmente para o uso nas quitandas que faz. Também é responsável por
grande parte do trabalho com café: apanha, seca e junta as sobras do chão, que
não deixa desperdiçar.
A propriedade de
Ceninha não utiliza agrotóxicos, ela acredita que não existe outra forma melhor
de se produzir do que com a agroecologia. Confessa já ter usado, mas há muitos
anos parou com a prática. Um dos filhos dela se intoxicou com round-up, depois
disso eles diminuíram muito o uso, e pretendem abandoná-lo, mas ainda não
encontraram alternativa natural para a ação.
Depois de participar do
Programa de Formação Feminismo e Agroecologia (PFFA), a agricultora pôde perceber
a sua importância enquanto mulher, e aposta na organização das mulheres no
sentido de produzir, vender e adquirir renda.
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