“A escolha do sistema agroecológico é primordial para melhorar a qualidade de vida da família”

Por Rodrigo Carvalho
Revisão Isaac Barbosa

         Diogo de Vasconcelos, município de Minas Gerais, foi onde Márcia Regina Donato Silva nasceu, cresceu e aprendeu a plantar com seus pais. Ela é agricultora, assim como seu marido e filhos.
Márcia se considera uma agricultora agroecológica, já que trabalha com horta há 18 anos, nunca utilizou agrotóxicos e sempre prezou pela diversidade de plantas em sua propriedade.
 Apesar de todo o seu conhecimento sobre plantas e cultivares, ela começou a comercializar os produtos de sua horta há apenas quatro anos, quando começaram efetivamente as políticas públicas de alimentação escolar e segurança alimentar. Atualmente a agricultora vende seus produtos em três municípios: Acaiaca, Diogo de Vasconcelos e na própria comunidade rural, Boa Vista.
Márcia participa de várias atividades no Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM). Após começar a participar das atividades da organização, muitas informações sobre agroecologia foram recebidas e colocadas em prática. Ela participa do projeto Mulheres e Agroecologia em Rede desde o seu início e destaca os intercâmbios agroecológicos como uma grande oportunidade de aprender, ensinar, trocar conhecimentos e interagir com outros agricultores familiares que trabalham com a agroecologia.
 

         A escolha por um sistema de agricultura agroecológico tem sido primordial para a melhoria da qualidade de vida da sua família. Ela conta que nunca falta alimento em sua propriedade, e que estes alimentos são totalmente confiáveis já que ela mesma plantou, cuidou e colheu, sem o uso de agrotóxicos, nem pesticidas, nem mesmo fertilizantes industriais.
Marcia ressalta a importância da diversidade, já que, em certas épocas do ano, algumas culturas não produzem bem. Desta maneira, quando se tem outras espécies é possível garantir alimentos e renda em todas as épocas do ano. Ela calcula que em seu quintal é possível encontrar mais de 150 espécies de plantas, entre verduras, legumes, frutas, cereais e árvores.
Na casa da Márcia, os gastos com remédios e idas aos postos de saúde são ínfimos, quando doenças aparecem, o tratamento é iniciado, através de plantas medicinais encontradas na sua propriedade.
        Na prática cotidiana da agroecologia, Márcia tem algumas dificuldades. O maior empecilho da agricultora é o controle de pragas, mas ela também sofre com a falta de água constante, já que não possui poços de armazenamento nem bomba d’água na propriedade.
Márcia afirma ainda que, depois de ter tomado consciência sobre o que é a agroecologia, de que maneira se faz  e suas implicações para a família e para o mundo, ela conseguiu mudar o modo de pensar de seu marido e de alguns vizinhos, que agora conservam o solo fazendo rotação de culturas, não utilizam mais o fogo para roçar, protegem as nascentes, não usam agrotóxicos e fazem a seleção do lixo de casa. Para Márcia é importante aprender e repassar os conhecimentos agroecológicos, promovendo a transformação não somente de indivíduos, mas de toda a comunidade onde vive.

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